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Dificuldades são para Profissionais

Brasil vai investir mais para atrair turistas sul-americanos

Notíci do DCI Comércio e Industria de 18.02.2010

BRASÍLIA – O Brasil vai investir mais 25% a 30% todo ano, até a Copa do Mundo de 2014, para atrair mais turistas sul-americanos. Haverá reforço na promoção do País junto aos vizinhos com base na necessidade de reconhecer que o Brasil é um destino de longo alcance – localizado longe dos principais mercados mundiais (Europa e Estados Unidos) – sem condições de competir, por exemplo, com a França, a Espanha ou o México. A informação é do ministro do Turismo, Luiz Eduardo Barretto. “Que venham os latinos”, convidou ele, em entrevista exclusiva ao DCI.

“Hoje apenas um terço dos turistas que nos visitam são sul-americanos. Nós temos de ter um olhar especial sobre a América Latina. Vou te dar um número: 900 mil chilenos vão à Argentina e apenas 250 mil vêm ao Brasil”, contou. Na avaliação dele, o País está ficando cada vez mais preparado para receber mais turistas estrangeiros e atender o crescente mercado interno impulsionado por 20 milhões de brasileiros que ingressaram na classe média. Estão sendo construídos 266 hotéis, com R$ 11 bilhões de investimentos aportados nos próximos quatro anos.

Confira os principais trechos da entrevista:

Como está a negociação para acabar com a farra das emendas parlamentares destinadas ao patrocínio de shows e eventos, pelo Ministério do Turismo? Seriam R$ 660 milhões para 2010?

Para nossa surpresa, o que aconteceu na virada do ano, de 2009 para 2010, é que o volume de recursos de emendas parlamentares ao Orçamento para eventos e shows tinha saído de um patamar de cerca de R$ 200 milhões para R$ 660 milhões, embora eu tivesse feito duas portarias que restringiam a destinação de emendas. Estamos caminhando bem para que uma parte significativa desses R$ 660 milhões, em torno de 60%, 70%, seja mudada da rubrica de eventos para a de infraestrutura, que consideramos uma coisa mais importante porque deixa um legado para os municípios. E não se justifica num ano eleitoral crescer de 200%. Eu quero dar uma saída aos parlamentares para que eles não percam suas emendas. Depende de um projeto de lei que o Ministério do Planejamento enviará ao Congresso Nacional.

Agora, em fevereiro, deverá sair nova classificação dos 28 mil empreendimentos de hospedagem no Brasil?

É uma nova classificação, com certificação da hotelaria. Estamos definindo conceitos com o InMetro [Instituto Nacional de Metrologia]. Evidentemente, é uma questão voluntária, como acontece no mundo todo: o governo não pode e não deve impor. A classificação será feita em oito tipos de hotéis. A gente espera ter a nova classificação implantada até a Copa.

Diante desses atrativos, a Copa do Mundo e as Olimpíadas, o empresariado pode ter segurança para investir no turismo? Ou, como dizem alguns economistas, agora o Brasil tem mais vocação para gás e petróleo porque o boom está aí, com o pré-sal?

Primeiro, o Brasil todo – não só petróleo e gás – vive um bom momento na economia. A Copa e as Olimpíadas vão ser somadas ao grande momento econômico que o Brasil vive. E no turismo também. Pela primeira vez na história, um grande fundo internacional, o Carlyle, que opera mais de US$ 87 bilhões no mundo em empreendimentos imobiliários, investiu na área do turismo no Brasil. Comprou 63% da CVC, um investimento de quase R$ 1 bilhão. O mundo internacional vê no turismo também uma potencialidade importante não só porque o Brasil vive esse grande momento, mas porque melhorou sua infraestrutura ao longo de todos esses anos, melhorou a qualidade de seus produtos e destinos e tem um grande mercado interno, com mais de 20 milhões de brasileiros que estavam fora e que entraram no mercado consumidor. Hoje já temos mais de 6 milhões de trabalhadores que trabalham no turismo. Alguns setores, como petróleo e gás, são mais dinâmicos, mas eu acredito muito no turismo, acho que veio para ficar. Dados dão conta de que teve um aumento das viagens dos turistas brasileiros ao exterior, com uma diferença, entre saída e entrada, relativas ao turismo, de R$ 5,3 bilhões. E o déficit previsto para este ano é de R$ 7 bilhões. Isso é normal porque você tem hoje o dólar abaixo de R$ 2, a renda do brasileiro melhorou. Então é natural que você tenha um gasto mais alto dos turistas brasileiros lá fora, felizmente. Agora, um setor que tem crescido muito é o turismo doméstico. Por isso, a partir de agora até a Copa do Mundo, vamos investir de 25 a 30% a mais todo ano na Embratur, na promoção do Brasil na América Sul para que a gente possa aumentar o fluxo de turistas sul-americanos aqui. E o Brasil tem que pensar sempre no seu mercado interno de 100 milhões de consumidores. Um número que exemplifica isso é o de desembarques domésticos, que bateu recorde no ano passado: 56 milhões, crescimento de 15% em relação a 2008, mesmo sendo 2009 um ano em que a economia não cresceu.

Mas e a previsão do Governo Lula de que em 2007 o País iria receber 9 milhões de turistas estrangeiros?

Esse dado foi feito em 2003. A gente reviu essa meta. E estamos trabalhando para chegar à meta de 8 milhões em 2014. O que a gente conseguiu atingir foi dobrar o volume de recursos que eles deixam aqui. Isso tornou o turismo a quinta pauta de exportação brasileira. Só perde para minério de ferro, petróleo, soja e carne de frango. O ano passado foi o segundo melhor resultado. O primeiro foi em 2008, com R$ 5,8 bilhões. Um dos episódios mais graves foi a perda da Varig, que possuía a maior malha área internacional. Nós só recuperamos agora a malha área da Varig através da TAM e da TAP e de outras companhias. Fora isso, você teve a gripe aviária, a crise econômica do ano passado, a crise das companhias áreas em 2005, enfim, percalços internacionais e locais que impediram. E o Brasil é um país do Hemisfério Sul. Nós estamos a mais de oito horas dos dois maiores emissores do mundo de turismo, que são a Europa e os Estados Unidos. É diferente do México, que está ao lado dos EUA, e recebe 20 milhões de turistas por ano – só que 92% são norte-americanos. É turismo de fronteira, de carro, de ônibus, de bicicleta em meia hora. No nosso caso, a viagem toda é em torno de oito horas. No caso da França e da Espanha, que possuem mais de 60 milhões de turistas por ano, é também o mesmo fenômeno. O grosso, mais de 80%, são europeus. Então, se vale a máxima do México, da França e da Espanha, nós temos que melhorar nossa relação com a América do Sul.

Então que venham os latinos?

Que venham os latinos. Hoje apenas um terço dos turistas que nos visitam são de sul-americanos. Nós temos de dirigir um olhar especial sobre a América Latina. Vou te dar um número: 900 mil chilenos vão à Argentina e apenas 250 mil vêm ao Brasil. Por que a gente não pode aumentar o número de chilenos que vêm aqui? O Chile é uma economia estável, o Peru tem hoje uma grande classe média, por que não pode ultrapassar 100 mil peruanos que nos visitam, por que a gente não pode ter metas mais ousadas? São vizinhos.

Os aeroportos vão estar prontos para a Copa?

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, tem feito um esforço através da Infraero [Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária]. Mas a gente vai ter de fazer isso, até com medidas emergenciais para ter esse quesito resolvido até 2014. Acho temos de pensar na Copa sob o aspecto do que ela vai deixar para sociedade brasileira como legado, não apenas nos 20 dias do evento.

18/02/2010 Posted by | Administração, Logistica, Treinamentos | , , , , , , , | 1 Comentário